Um ponto sem dimensões

Descobri algo:

Toda foto rasgada tem uma história

Histórias não são nem más nem boas...

São historias apenas, com inicio e fim, como pontos nas extremidades de um intervalo, demarcando sua densidade...

Numa linha temporal de uma vida inúmeros pontos de início e fim coexistem e se interpõem mutuamente, mas é como esses intervalos são traçados que dizem da qualidade desses pontos de inicio... Ponto final é apenas conseqüência.

Como toda sequência linear tende-se em direção ao infinito, apesar da finitude da existência humana existem histórias sem fim contadas e (re)contadas no tempo... seus pontos finais encontram-se no infinito ... Não se sabe quantas existiram e nem quantas hão de existir, só se entende que seus pontos de inicio não são pontos sem dimensões, mas intervalos de uma vida em movimento.

Entre um porém e outro existem palavras, vazias, completas, diversas... Apenas palavras! Palavras que não são códigos mortos, mas expressão de vida, de existencia, de humanidade...

Uma amiga havia me dito uma frase icognitamente confusa que passei a tentar desvendar:

"Você já pensou que um ponto, um ponto sem dimensões é o máximo de solidão possível" [Clarice Lispector]

Ontem descobrir que na matemática um número numa escala linear é um ponto sem dimensões, mas quando usado pra descrever fenômenos ele deixa de possuir tamanha exatidão, se constitui num intervalo, num ponto com variância...

Bem, não sei ao certo de que se trata esse ponto ou essa solidão, mas arrisco-me a inferir que essa variância do ponto quando retirado do seu lócus matemático e transposto para sua utilização diz respeito a impossibilidade de se ser só... Como assim? As pessoas se sentem tão mal com a solidão por que os outros ja fazem parte delas mesmo quando há distancia emocional ou física.

Os outros estão impregnados num eu, só, que não consegue conviver com a falta dessas partes que lhe faltam...

No final das contas uma historia só faz sentido nos intervalos, que é quando vemos o outro em nós...

Bela Malta