Cedo ou tarde se constataQue apesar de todas as constataçõesA vida se recria sem cessarAlheia às nossas verdadesE pouco afeita às lamentaçõesHá uma beleza indecenteNo próprio fato de existirUma espécie de ofensa sagradaQue impõe a todos o amanhecerCondenados que estamosAo imperativo de estar aquiNem a morte nos libera desta afrontaPois morremos cientes de ter existidoE ignorantes da razão d’existirE se mesmo assim confesso amar a vidaNão cesso de me sentir ridículoComo quem se entrega temeroso da acolhidaComo quem não contém o riso em pleno funeralE é tão bom estar vivo!Mas tão ingênuo gostar disso tudoQue mesmo diante do gesto mais puroNão escapo a certa expressão de nojoAssim como as alegrias profundasCarregam consigo melancoliaE tornam aflito meu coraçãoRodrigo de Barros
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Metafísica da vida cotidiana
(das impertinências)
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