Pensava que a felicidade é uma escolha, ao escolher ser se é, mas começou a entender que de fato não pensava errado, pensava certo, mas pensava demais, não precisava pensar tanto. Deixou de pensar por um tempo se entregou ao impensado. Sorriu os melhores sorrisos, vestiu suas melhores roupas, deu seus melhores abraços, compartilhou seus melhores silêncios. Ora ou outra voltava a pensar, mas não deixava que seus melhores pensamentos ofuscassem seus melhores impulsos despensados, mesmo pensando conseguia ser o que talvez nunca tenha sido.
Quanto do escolher se convenceu de que escolhas não são mágica, que felicidade não é tão simples assim e se deu conta que podia decidir ser o que quisesse (todos podem afinal), mas é a decisão tomada que diz do que um dia se será. Dentre tantas escolhas possíveis escolheu uma e percebeu que não é apenas escolher, mas escolher certo que conta.
Sentiu um pequeno oco do tamanho de uma agulha, como se esta estivesse em si e em si perfurasse e não parasse de ir cada vez mais fundo, não precisava mais de fato pensar só restava doer e de dor ruminava suas escolhas e via que ainda assim pensava e pensava sempre demais.
Não parava de pensar mesmo enquanto doía e pensava que as lagrimas que furavam por dentro poderiam sair nas palavras, buscava enxotá-las de si, elas insistiam em ficar. E o oco, tinha certeza de que no outro dia estaria maior, então adiantou o acontecido e pediu a Deus que pelo menos a deixasse respirar quando acordasse. Não pedia que fosse feliz naquele dia, não ousaria tal pedido.
Ousar? Não, não ousou nada. Quer dizer, ousou escolher. Sentia-se uma escolhedora nata e das que fracassam com uma agulha no peito e perguntava-se se ela sairia de lá, se amanhã respiraria.
Sim! Respiraria, e precisaria respirar bem fundo, mas bem fundo mesmo para ter coragem de acordar. E de ousar fazer escolhas nos dias que viriam pela frente.
Deu-se conta que não era boa nisso. Queria parar de escolher, mas continuou escolhendo, sempre escolhendo. Queria escolher deixar lagrimas no travesseiro, mas elas continuavam a furar-lhe o peito e via que não tinha escolha quanto a isso. Não podia ousar não doer, ousava, mas não tinha escolha isso era inevitável. Podia pensar, escolher, mas ainda assim doía.
Que dor dói mais? A dor de escolher ou a dor da escolha? A dor de escolher, pois mesmo não escolhendo se escolhe não escolher. E partia pensando que escolhendo não fazia mais que pensar e desejava parar de pensar, desejava não poder escolher, queria não ter escolhido nada.
Escolheu continuar a doer, isso a lembraria que esteve feliz antes de doer. Não escolheu ser feliz como achava que se escolheria, veio por conseqüência de outras escolhas, sem pensar na felicidade foi feliz, foi feliz sem escolher, escolhendo foi feliz. Talvez pensar não seja tão ruim, seja apenas doído.
Era o fim daquele dia e precisava dormir, dormindo escolheria sonhar com aquilo que não se realizou na realidade. Talvez sonhasse, seria feliz em seu sonho.
Que seu coração chore toda vez que lembre que já esteve voando.
Então ela acordou:
-Foi apenas um pesadelo!
Bela Malta
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