terça-feira, 19 de abril de 2011

_avowed II


"Era frio. Não sei dizer se fazia mais frio do lado de fora da minha blusa ou dentro do meu coração. Provavelmente competiam." 
(Caio F. de Abreu)
Martha, desculpe-me a vida é assim...
(Lança-lhe um olhar baixo)
- Gostaria de dizer: Eu não percebi que o problema não era eu nem você, eram as incompatibilidades. -Mas seria mentira!
(O vento invade e leva consigo suspiros)
- Eu sabia, bem sabia, bem temia, sonhava com isso, me inquietava, mas ainda assim ousei. Me lançar ao desconhecido foram meus passos temerosos, como quem não quer ir, mas vai sem medo.
(ele fingia não entender do que se tratava, ele bem sabia)
-Fingia ter resistências, mas você as conseguiu derrubar. Tentei te avisar, sinalizar, que já eras importante pra mim, não adiantava eu sabia que já era, então era bom já recuar para não se ferir tanto. 
(Ainda era verdade para ela, embora isso teria fim)
- Não era fácil estar comigo nem ao menos valia o esforço... Eu compreendo, o sentimento não é e nunca foi suficiente. 
(Um dia deixaria  essa certeza esvair-se, ela podia)
- Nunca existiu amor, não é? Talvez isso fosse suficiente... 
(Se amar não é olhar um para o outro, mas na mesma direção, não fazia sentido, eles olhavam-se transversalmente)
- Você decidiu me aceitar, mas quem eu sou não era suficiente... 
(Era necessário, mais não deu pra ele, era árduo demais, só ele não se deu conta)
- Eu te perdoou por não perceber isso desde o inicio. Hoje você ve claramente. Percebeu que não precisa mudar para estar com alguém.
(Será?) 
- Eu te encorajei a isso não foi? Mas eu também te aceitei sabia? Rompi com meus preconceitos, com meus ideais, eu acreditei em "nós"... Quando tudo dizia impossibilidade. Deixei o perfeito para acreditar no belo.
(Só ele não viu, ele queria voar para longe dali, as primeiras palavras que lhe viam essas foram ditas. Surtiram o efeito certo. Ela entendeu, e se foi)
- Você queria agarrar o mundo para estar comigo, e eu me agarrei em você pra ir junto. Você até que tentou, foi mais longe que muitos iriam, mas no final do dia o mundo nas costas não te fazia feliz, nem nós nos fazíamos tão bem assim. De fato foi belo! Hoje é triste, mas um dia não foi...
(Não havia mais dúvidas entre eles, estava tudo tão claro, como nunca havia estado. Ela queria poder ir dormir nunca mais pensar nele, ele não queria deixar de pensar nela, só queria ser livre. Deixou de pensar nela e nem se deu conta)
- Talvez amanhã eu ainda chore, mas a gente sobrevive. A verdade vale mais que mil promessas! Eu não queria ouvir tua verdade mas isso se me tornou um bem precioso.
(De fato ela precisou de um dia, de apenas um dia.Compreendeu que tudo faz parte da PROCURA, não havia achado, mas deveria deixar de procurar, não acharia seu passado em lugar nenhum)
- Você me fez perceber que sim! Eu posso! Obrigada por me mostrar que eu posso amar, hoje eu sei disso...
(Foi verdade para ela, mas dessa vez estava apta a suportar tanto que surpreendeu-se consigo mesma e dele só guardou um carinho distante)
- Queria poder dizer: Eu nunca mais me engano de novo, pois eu me enganei. Nós nos enganamos! Mas como eu bem já disse meu nunca só serviria para um tempo relativamente próximo ao presente.
( Ela sabia que amanhã poderia se enganar de novo, é claro que com bem mais cautela que nem todos vão trata-la tão bem como foi tratada em tempos anteriores. E que nem todos os ditos devem ser considerados, que promessas podem ser palavras ao vento. E respirava satisfeita por mais um verdade achada.)

Pronto.
Bela Malta

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