quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Por que não? Não ao Amor?

Falo como se soubesse de algo, de nada sei finjo que sei e prossigo fingindo até perceber que há alguma possibilidade de estar certa.
(Bela Pinheiro)
Não  mais se quer muito hoje em dia depender de ninguém, as pessoas querem ser independentes, suficientes.
Não que não quero ser independente, entre tantas outras coisas, financeiramente, mas quero também depender, me perder, achar, depender de outro ser humano e ter a vida entrelaçada à dele.
Entretanto para que tal dependência de fato exista de forma saudável precisa ser proveniente de uma escolha. Dependência emocional, física, material deve ser fruto de um ato de vontade de sujeitos e não de uma necessidade. Necessita por que escolhe-se necessitar . Amo por que escolho amar. (Será mesmo escolha? Eu aprendir que perguntar nunca é demais)
Você precisa do outro por natureza, mas não se nasce estruturalmente adequado a um outro, até nas primeiras relações com seres humanos vamos nos formatando sujeitos distintos do outro, e aos poucos obtendo essa percepção de eu e nos dissociando daqueles com a qual um dia compartilhávamos as ligações mais estreitas e dos quais éramos na medida do possível similares, rompimento que se processa em algumas dimensões da vida humana. Aqui necessitamos não por escolha, mas por consequências, estas externas a nós.
É comum que relacionamentos de outra espécie que ocorram nessas condições de simples necessidade, não sejam satisfatórios, as pessoas unem-se em matrimônio, no entanto não entendem que além da necessidade física, sentimental, econômica existem outras questões que na complexidade da vida atual fazem-se necessária para tal empreendimento. Talvez anos ou décadas atrás as pessoas não pensassem tanto a respeito ou não fizessem caso da simples repetição da vida, via casamento, sexo, reprodução, trabalho, filhos, família. Não quero contrariar a simplicidade disso, mas trazer a discussão outras perspectivas a seu respeito.
Certo que para todas as ações humanas existem sentidos, que estes mesmo são construídos e reconstruídos pelo homem, já que muitos desses legados são advindos da cultura, sem perder de vista a novidade da ação humana e suas resignificações constantes. Todas estas instituições humanas e costumes são simbolizados em cada cultura particular. Não há ação fora do simbólico que é um atributo “humaníssimo”, é o que nos faz ser assim. Dou significados a minha vida, mas o que me proponho aqui é: baseado em que a instituição do casamento é significada? Até que ponto a artificialidade humana é levada por seus agentes?
Temo talvez que esteja reduzindo a exarcebadamente a dinâmica das relações ao meu lado egoísta, mas acredito que muitos daqueles sentimentos de inapropriação, obrigação em fazer-se eterno, ofuscam a grande finalidade do estar junto, da união estável, que não é apenas permancer na relação, mas ser ativo participante e construtor da mesma. Esta que não permanece imutável, mas constantemente em transformação juntamente com os sujeitos que nela são atuantes e os contextos onde ocorrem.
O monstro do casamento! Que trás na bagagem um recheado de significações negativas, de historias falidas ou que como tentativa da nova geração de romper com as passadas, de serem “autenticas” (risos) passam a não vê-lo mais como necessidade para consumar uma relação. Se junta os troços e vive-se mais feliz que sozinho ou casado.
Quais são essas significações? A perda do valor do matrimônio a meu ver é incalculável perda. As inconstâncias sociais se instalam de forma alarmante por que de alguma forma ou de forma indireta a instituição familiar também é abalada.
Como não há nada melhor para minha liberdade que um texto desorganizado e assistemático, sem nenhum orientador (risos) para me lembrar que ter pena do leitor, então o leitor que se dispuser a ler leia assim mesmo!
Não existe ninguém adequado a mim, nenhuma alma gêmea, metade da minha laranja, encaixes perfeitos. Existem apenas pessoas que prosseguem fazendo escolhas. Estas com bases em motivações das mais variadas e estas muitas vezes que este próprio desconhece, mas as significa, as interpreta (acho isso demais!). Estes motivos podem ser concretos ou não, podem ser conselhos, intuições (vossa humanidade!!), sentimentos, aos poucos uma colcha de retalhos, um emaranhado de sentidos consuma uma união.
Muitas vezes escolhe-se não ver certos incômodos, atritos, você se molda ao outro. Li o seguinte comentário em um texto  A coragem do amor de dura de Contardo Calligares (recomendo a leitura http://contardocalligaris.blogspot.com/2010/05/coragem-do-amor-que-dura.html) que desde então fez mil pocos de sentido: “o amor não acaba porque as pessoas se separam ,mas acaba quando botamos nosso amor próprio na frente de tudo que vivemos enquanto estávamos juntos com a outra pessoa e, digo mais, quando resolvemos compartilhar nosso amor com alguém, já sabemos como o outro é, e mesmo com todas os defeitos que fingimos que não vemos, nós acolhemos por amor que só acaba quando tentamos mudar o que já nos incomodava. ‘AMAR É TENTAR PREVALECER MAIS OS MOMENTOS BONS QUE OS RUINS...’” 
O amantes adéquam-se mutuamente  para estarem juntos e compartilhar as mais diversas partes de suas vidas.
Com o tempo se apercebem que o que motiva o prolongamento da relação são motivos outros que a vontade de permanecer juntos, como filhos, bens, inexistência de apoio familiar externo, entre tantos outros. Ao longo de uma seqüência temporal, a relação transforma-se as pessoas se modificam, e algo que permanece invariante que não dá conta das novas demandas do casamento. Os motivos primeiros nem sempre são mais tão relevantes: o apaixonamento, um percurso junto de historias. Mesmo que estes sejam estruturantes da relação não são suficientes para sustenta-la como hoje se impõe a qualquer motivo do passado.
Viver o presente plenamente com base no passado, o qual inclui também aqueles votos muitas vezes trocados num lócus eclesiástico, causa desgastes e sentidos distanciados cada vez mais do sujeito. É no presente que a vida a dois tem que viver. Engajar-se na tarefa de alem do cotidiano criar possibilidades de vida novas a cada esquina. Por que não com a mesma pessoa?
É necessário, imprescindível render-se ao amor, identificar-se com o outro, enxergar-se a si mesmo pela via do outro. Ser humano até o limite do possível.
Com tempo a paixão passa, o desejo já não é mais tão ávido, as marcas do tempo deixam seqüelas das mais variadas forma e ofuscam o sentido do estar junto. Defino este sentido enquanto o amor (“cenas do próximo capítulo”), que não é apenas um sentimento, mas um ato de vontade.
Temo  esta me contradizendo a todo momento, isso não é bem um medo. Afinal qual conhecimento tem seu progresso sem contradições? Temo não ter concluido nada, isso não é bem um medo.  Afinal onde conclusão gera novos saberes?
Com isso concluo que é mister repensar o valor do amor, não defini-lo nem emoldura-lo, mas fazer dele uma constante mutação de sentidos, onde não há ausência de movimento.   
Falo como se soubesse de algo, de nada sei finjo que sei e prossigo fingindo até perceber que há alguma possibilidade de estar certa.

2 comentários:

Thiago disse...

Esse foi grande kkkkk, mas está muito bom também... " Como não há nada melhor para minha liberdade que um texto desorganizado e assistemático..., ...,então o leitor que se dispuser a ler leia assim mesmo!"

Vc é esperta so avisa no final kkkkkkkkk, Tô Brincando.. ;P

Anônimo disse...

Há sempre algo de ausente que me atormenta!
Camile Claudel

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