domingo, 12 de junho de 2011

Dos parasitas acadêmicos



A passos espaçosos caminham por entre a multidão dos grandes e dos pequenos grupos, se ocupam de perscrutar suas histórias, seus trajetos e desejos. Mostram seu interminável interesse, escutam atentamente, demonstram entender de forma tão profunda e compreensiva.
 Quem os encara os vê e os diz: 
- Tão humanos que são! Nunca tivemos quem se interessasse assim por nós... 
Descomprometidos com a politicagem, com a barganha dos coronéis dos planaltos. 
Comprometidos com seus currículos, com suas notas, com o status acadêmico, com os coronéis do saber. 
Ocupados em dizer com belas palavras aquilo que já foi dito no solo fértil do cotidiano. 
Esnobes em seus conhecimentos se emprestam a farrapos para dos pequenos arrancar as pérolas de sua vivência, sugam-se as ostras e das pérolas fazem lindos colares para embelezar seus pescoços longos e vistosos.
Aqueles lá que emprestam-lhe as palavras continuam lá, ficam por lá mesmo não sobem as alturas, prosseguem em sua simples existência, continuam a travar suas lutas, lutam para estar ali, lutam por estar ali, lutam para serem dignos de suas palavras aos acadêmicos. Estes fingem que entendem. Prosseguem fingindo que de algo sabem, mas pouco sabem da vida. 
A vida esta sempre lá, junto as pessoas. 
De longe eles a querem tê-la e até quando chegam bem perto não enxergam a um palmo de distancia.
 Onde ficaram as tuas lutas, onde está a tua vida? 
Ficaram em alguma parte do tempo, atrás deles, pois eles estão acima do tempo, do seu tempo, dos seus próprios desejos. 
Eles são acadêmicos.
Pobres acadêmicos!
Pelo menos eles vivem e vós que fazes do brilho que recebes em teus currículos? 


Bela Malta

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