quinta-feira, 16 de junho de 2011

.Num simples “Aqui”

"O tamanho e o grau da solidão variam de acordo com o tamanho e o grau das escolhas que precisam ser feitas [...] a má escolha leva ao arrependimento que também é solitário e cruel, pode demorar pouco ou demorar o resto da vida, equivale a dobrar a esquina errada. De qualquer forma, há de assumir a solidão que levará ao acerto ou ao erro."
 (Carlos Heitor Cony)

Que rumos tomar? Nos períodos de decisão é difícil existenciar aqueles sentimentos, pensamentos que nos fazem debater-nos em dúvida, para os que de fora olham-nos em nossas angústias a eles essas parecem infimamente pequenas desmerecedoras de prece alguma.
Sentir-se na reta final de um período único na vida se transfigura num lugar tão prenhe de ambigüidade, pois se sabe exatamente o que se quer, o que se pretende, que possíveis caminhos se quer andar, alguns dias sabe-se até até onde se quer chegar.
Você pinta diante de si a existência que te trará mais regozijo, simultaneamente sabes e tem até a certeza que aquilo que achas querer não é necessariamente aquilo que queres e que teu querer é por demais complicado e nem a ti mesmo consegues esgotar. Nem o teu ser por inteiro consegues desvendar, tu não te cabes, tu és sempre mais que aquilo sobre o qual tu podes saber, todo teu conhecimento te escapa e até suas palavras falam de tantos eu’s que te perguntas se é tu mesmo quem vês escrever.
            Não é a dúvida da existência, para saber se tu és real ou não, ou se teus sentidos te são fiéis ou te enganam a cada minuto, como retrata nosso conhecido filósofo, mas as duvidas que se instauram te falam das palavras, das tuas e dos demais, se nas palavras do outro eu sou mais eu que em mim mesmo, eu sei mais de mim no outro que em mim. Apenas resta questionar: onde eu fiquei? E te esmera em te busca...
Que malogro de projeto! Até quando vais te busca dentro? Quem tu és esta aqui, bem aqui. Uma vez me disseram e estas palavras eternizei em mim e em folhas de papel: “[...]‘nós não estamos perdidos, nós estamos aqui’... Nos esquecemos o que é o aqui, o aqui nos faz”. Concluo: cansei e vou sempre cansar de me buscar em mim, toda vez que me ver tentar, de novo e de novo, vou me lembrar que eu estou aqui e bem aqui eu me sou, me fui antes e serei depois, mas nunca, nunca mesmo um eu só e em mim nada vou achar, pois talvez o em mim não exista mesmo pura e simplesmente.
O mim mesmo assim tão diverso e os seus gostos assim tão mutáveis, seus quereres assim tão complicados te mostram o teu aqui que não precisa ser um, nem ser ao menos de um só ele é de tantos e de tantos se colore se enegrece, mas não deixa de ser existência, de pessoas de carne e osso, decidindo e decidindo a todo momento, se auto-autorizando a existir, d-existindo e existindo de novo, se afirmando num constante processo de vida.
Eu ainda não sei que rumos tomar, nem sei muito sobre o meu querer, mas pelo menos sei onde buscá-lo e pelo que buscar e com certeza não é por mim mesma. 
Bela Malta

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