Quando o desespero já não está a porta e o
desânimo já não me é refúgio, tento olhar para trás e ver onde e
quando perdi-me . Não encontro respostas, a formulação da pergunta a
torna inexistente. Não existe tal temporalidade.
Quero organizar os cômodos da vida, deixar a luz entrar, colocar as
coisas em seus devidos lugares para que dentro de mim pare de chover e faça
sol. Quero encontrar refúgio em meu aconchego da mesma forma que encontro hoje
paz em meio a derrota. Por quais caminhos seguir? Qual será meu futuro? Eu
preciso de milagres. Eis o seu milagre segurando esta caneta e escrevendo
palavras aparentemente desconexas.
Uma lucidez incomum me desperta do sono. Talvez eu precise desse
tempo, talvez eu precise parar embora parar não fosse o que eu quisesse. A
chuva parece ser amiga de longa data nela eu queria me jogar e sentir cada
centímetro do meu corpo lavado por uma enxurrada que não me leve às lembranças,
mas tudo que me faz permanecer no passado.
Estou me refazendo, não é fácil ser diferente do que fui não
é fácil avançar. Fácil é a palavra que usamos para convencer a nós
mesmos, quando o medo que sentimos de não sair do lugar é maior que a convicção
que esse lugar é passageiro.
-Bela Malta
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