Pessoas, apenas pessoas, pequenas, humanas, manchadas, feridas, indecisas, decididas, a já não amar demais. Amar? Nem mesmo pela metade. A fazer do outro objeto descartável, acessório, sem a qual vivem muito bem sem e da alma humana bijuteria barata encontrada em qualquer esquina e fatalmente substituível por qualquer outra.
Sem nunca entender os formatos de relacionamento atuais, as relações sem compromisso, a paixão passageira e inconstante, me vou passeando pela história, me desencontrando do encontrado, das negociações dos corpos tão evidentes, do desvalorizar-se, ação já tão recorrente.
Desde bem cedo te ensinam a se expor de corpo sem alma, contatos físicos necessários a obtenção de um prazer que como tal contato submete-se ao passageiro e superficial. A durabilidade das relações se perde na fugacidade da vida, acelerada por natureza, natureza construída na historicidade humana, nada de tão natural assim.
Pessoas que já não amam, se usam. Usam e são usadas, como objetos. Passam seus dias isoladas em si mesmas, o corpo do outro é calor necessário para a noite fria e nada mais, depois seguem suas vidas. Intactas, deixam pedaços pelos caminhos, a incompletude é sua sina.
O encontro nunca acontece.
(Bela Malta)
* Texto reeditado em 28 de junho de 2013.
Um comentário:
E parece que seremos sempre assim, frutos da nossa geraçao...irremediavelmente solitarios..metafora da decadencia que existe em cada passo.
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