quarta-feira, 30 de junho de 2010

Pessoas que nos fazem ser melhores pessoas II


 Conversando com um amigo ele me disse algo muito interessante que desde então não parou de voltar a minha memória: que às vezes ao olhar para o sofrimento alheio, dores que talvez ele mesmo não seja capaz de imaginar ou suportar, não ver sentido para tanto desgaste com sofrimentos e certas lamúrias, e que mesmo na situação mais difícil da vida dele podia perceber que aquela não era a pior luta nem ao menos a mais dolorosa dor que um ser humano podia suportar... as vezes não é necessário se ter ações diretas de compaixão aquelas que outros possam ver, a forma como enxergamos o mundo ver a nos falar da nossa capacidade de sentir o outro...
Sempre ouvir muito falar da obrigação do homem cristão de depender apenas de Deus, de não ser “carente”, hoje como sempre me pus a questionar e discordo totalmente!  Acredito que Deus vem a suprir muitas das nossas faltas e compensar nossas limitações quando estabelecemos ligações com outras pessoas. O ser humano é um canal de Deus na vida do ser humano. Da mesma forma que eu me torno humano, no sentido de adquirir características de humanidade, quando inserido no meio social, eu preciso o resto da minha vida do contato com esse outro, ele é essencial para eu ser humano e inclusive ser quem eu sou, visto que na relação com ele eu me constituo e através dele eu enxergo a mim mesmo e me identifico como diferente deste outro, me identifico enquanto um eu...
Então como pensar num ser humano auto-suficiente de seus pares “dependente apenas de Deus”, se este mesmo Deus nos criou para sermos um, e como haver unidade na distancia, aqui não em refiro apenas a distância física, quando o outro está tão longe de mim que sua existência não faz sentido não impacta de forma alguma a minha própria existência. Uma distancia não fisica mas emocional...
O outro mesmo distante geograficamente, do outro lado do continente, pode fazer parte da minha vida seja em oração seja me recordando da sua realidade da sua concretude neste mundo, e principalmente da sua dor... Assim um alguém que eu nem sei quem é me possibilita ser mais humano...
Há uns dias atrás eu me vi numa situação muito embaraçosa, uma amiga sai correndo derramando lágrimas e eu me dirijo a ela tentando ajudá-la de alguma forma. Imediatamente aquele velho conceito pessoal vem à tona e tenta ocupar espaço no meu esforço em ajudá-la: “eu sou insensível e não sei consolar as pessoas”. Essa é um conceito que me persegue há muito tempo (diria que o motivo para tanto é que não tive experiências (infantis?rsrsrs a la Freud) onde meu choro houvesse sido consolado com exacerbadas demonstrações de afeto)
Então deixando de lado todas as minhas limitações em demonstrações de afeto... me propus a pensar da seguinte maneira: “Não sei se ela esta gostando da minha presença ou se se sente a vontade comigo, para contar algo referente a motivação do choro ou mesmo só para chorar, mas eu sei que a pior coisa é chora sozinho... Mesmo que não saiam palavras da minha boca e eu não transmita um pingo de confiança, eu estarei ali. Minha presença fala pelo meu silêncio (desengonçado). As palavras calam e o silencio fala por elas... e diz muito mais que um transbordar de palavras...
O simples toque do outro é capaz de apaziguar o frio da solidão...

           Por meio de todo esse percusso percebo que um elogio, um pouco de atenção para quem há muito tempo talvez não recebesse nenhuma, pequenos gestos, as vezes um simples bom dia, obrigado, ou mesmo abrir a porta do carro, manda flores para esposa ou esposo (por que não?) em um dia normal, mandar uma sms a um amigo que a muito n via (por falar nisso farei isso agora). Certamente as marcas que vc deixar vão dura para sempre...

Como sempre não concluindo chego a concluir que as pessoas são capazes de nos fazer melhores pessoas só por existirem ou mesmo por estarem por perto...

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